
Mais de 90 médicos que se revezam para atender os pacientes que buscam a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Valéria, em Salvador, estão com pelo menos dois meses de salários atrasados e sem nenhuma perspectiva de receber. A situação tem impactado a rotina dos profissionais que falam em paralisação. A possibilidade de interromper as atividades será discutida com o sindicato da categoria em reunião prevista para a tarde desta quarta-feira (01).
Em conversa com o Metro1, uma das médicas da equipe,que preferiu não se identificar, comentou a situação da equipe. “A maioria dos médicos trabalham em outras unidades. Mas é humilhante trabalhar e precisar implorar para receber seu dinheiro. Os médicos mais antigos já acham que vamos ser vítimas de um calote, porque a empresa sumiu. De alguma forma a população é atingida porque a gente acaba trabalhando com desgosto, já tem profissionais querendo passar os plantões, porque sabe que vai trabalhar e não vai receber”, relata.
A profissional detalhou que os 93 médicos afetados recebem através de uma contratação via pessoa jurídica intermediada pela empresa S3, contratada pela prefeitura para realizar os pagamentos. De acordo com a médica, o repasse do valor referente ao pagamento de março, foi repassado pela prefeitura para empresa no último dia 5, com uma semana de atraso do prazo normal. Mesmo assim, a empresa responsável não fez o pagamento dos profissionais. Procurada por e-mail e através de contato telefônico a empresa não respondeu aos profissionais. A prefeitura também foi procurada e não teria dado retorno aos médicos.
“Sobre abril a gente nem recebeu os dados para emitir as notas, então não tem nenhuma expectativa de que o pagamento saia”, explica. Pela rotina, ao final de cada mês os médicos emitem notas referentes às horas trabalhadas para receber o pagamento entre o dia 20 do mês seguinte e o dia 5 do mês posterior. O pagamento de março, portanto,deveria ter sido feito até, no máximo, 5 de maio, o que não aconteceu.
Sobre uma possível paralisação, a profissional explica que a equipe acredita ser uma forma de solucionar o caso. “A gente já percebeu que enquanto tiver médico para realizar o trabalho a situação vai continuar a mesma. Queremos pedir a restrição da UPA para atender apenas pacientes considerados vermelhos, paralisar mesmo. Mas vamos fazer isso respaldados pelo sindicato’, diz sobre a reunião desta tarde.
A Secretaria Municipal de Salvador (SMS) prometeu posicionamento sobre o assunto, que ainda não foi enviado.
Fonte: Metro1