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Aos 63 anos, morre o educador e ex-secretário de Cultura Jorge Portugal

Por falência cardíaca aguda, a Bahia perdeu por volta das 20h15 desta segunda-feira (3), o educador, poeta, compositor e ex-secretário estadual da Cultura, Jorge Portugal, aos 63 anos. Ele estava internado na unidade de terapia intensiva (UTI) cardiovascular, do Hospital Geral Roberto Santos, desde a manhã desta segunda.

O professor deu entrada na unidade estadual de saúde em estado cardiovascular crítico, em virtude de um quadro de choque cardiogênico, emergência médica na qual há insuficiência de irrigação sanguínea, porque o coração não consegue bombear sangue com eficiência.

Mais cedo, ele apresentou sinais de insuficiência respiratória e foi socorrido em sua residência, por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Resultado do exame para Covid-19 ainda é aguardado.

Jorge deixa a esposa, Rita Vieira, e três filhos, o sociólogo e jornalista Caetano Ignácio, a atriz Bárbara Bela e o jornalista Thiago Dantas.

Natural de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo, Portugal sonhou e colocou em prática projetos culturais e educativos como ‘Aprovado’, ‘Tô Sabendo’, ‘Manoel Faustino’ e ‘Circulador Cultural’.  Jorge foi secretário estadual da Cultura, entre 2015 e 2017, no primeiro mandato do governador Rui Costa.

Ao tomar posse, no Palácio Rio Branco, Jorge disse “Tudo toca em tudo, tudo troca-se por tudo, tudo interpenetra-se: o paradigma é o da transdisciplinaridade e não existe secretaria mais transversal que a da cultura”, ao citar a necessidade de atuação conjunta com todas as outras pastas do governo.

Na década de 70, Portugal sedimentou parcerias de sucesso com Raimundo Sodré, Roberto Mendes, José Carlos Capinan, Lazzo Matumbi, ícones da Música Popular Brasileira. Ao lado de Sodré, em 1980, Portugal compôs a canção “A Massa’, que foi apresentada ao Brasil, no Festival da Nova MPB 80, da Rede Globo. A letra, que fala da opressão sobre as pessoas é um soco no estômago e mantém-se atual.

A Massa

A dor da gente é dor de menino acanhado

Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar

Que salta aos olhos igual a um gemido calado

A sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar

Moinho de homens que nem girimuns amassados

Mansos meninos domados, massa de medos iguais

Amassando a massa a mão que amassa a comida

Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais

Minha pele é linguagem. E a leitura é toda sua

Na emblemática canção “Alegria da Cidade”, parceria com o cantor e compositor Lazzo Matumbi, imortalizada na voz de Margareth Menezes, a poesia transborda em uma linguagem viva, pulsante:

A minha pele de ébano é

A minha alma nua, a minha alma nua

Espalhando a luz do sol

Espelhando a luz da lua

Tem a plumagem da noite

E a liberdade da rua

Minha pele é linguagem

E a leitura é toda sua

 

Fonte: Bahia.ba

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