Berçário do Zoológico de Salvador oferece tratamento para animais
O Lilo, um tamanduá-mirim jovem de 7 meses, pode ser considerado um sobrevivente. Foi resgatado, ainda bebê, enquanto tentava atravessar uma das vias mais movimentadas da capital baiana, a Avenida Luiz Viana Filho (Paralela). Mas, apesar da imprudência do animalzinho, Lilo não estava no local errado. A região da Paralela concentra, além do grande fluxo de carros e do amontoado de prédios, resquício de mata atlântica – bioma de onde a espécie é nativa.
Agora, o pequeno aventureiro se recupera do susto no berçário do Zoológico de Salvador, localizado no bairro de Ondina, onde, ao lado de outros cerca de 30 bichos, recebe os cuidados de três biólogas. O local, que a princípio seria destinado apenas para filhotes, tem servido também para o repouso de animais idosos que precisam de cuidados especiais, animais resgatados de cativeiros ou abandonados na própria porta do zoo.
O pequeno tamanduá é um exemplo disso. Foi deixado na portaria por um homem, logo após ser resgatado. Lilo ainda estava com o cordão umbilical, sinal de que a mãe pode ter sofrido um acidente. De acordo com a bióloga do zoológico, Ana Cely Lima, 90% dos animais que estão em tratamento por lá, foram levados pelo Grupo Especial de Proteção Ambiental (Gepa) da Guarda Municipal, policiais da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) ou por moradores, depois de terem sidos resgatados em áreas urbanas.
"Geralmente esses animais chegam muito debilitados. A princípio, eles passam por uma triagem médica, onde é avaliada a condição física e, logo depois, verificamos se o bicho sofre de hipotermia (baixa temperatura), hipoglicemia (longo período sem alimentação) e desidratação. Para o bebês, oferecemos o tratamento conhecido como recria artificial, que significa oferecer todos os cuidados que uma mãe daria para seu filhote", explica ela.
Os únicos bebês do berçário são quatro sariguês, espécie de onívoros conhecido pelo forte odor que exalam. O mau cheiro do bichinho tem lhe rendido o título de vilão, mesmo sem ser, como explica a bióloga. "Na verdade, eles exalam o cheiro para atrair as fêmeas no período de acasalamento. O odor também pode ser atribuído ao fato desses animais serem sinantrópicos, ou seja, vivem em locais urbanos onde existem esgotos e lixões".