Perto de ser privatizada, Eletrobras aumenta valor do plano de saúde para servidores em plena pandemia
Representante de sindicato classifica negociação como "desigual" e cita "sensação de incerteza" entre trabalhadores

Além das incertezas sobre a privatização da Eletrobras, estabelecida por meio de medida provisória sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última terça-feira (13), os funcionários da estatal queixam-se das mudanças no regulamento dos planos de saúde.
De acordo com Victor Costa, diretor-presidente da Associação dos Empregados de Furnas e membro do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), a resolução CGPAR nº23, expedida em 2018, estabelece modificações que, na prática, representam um aumento no custo para os trabalhadores, em plena pandemia de Covid-19.
Ao Metro1, o representante sindical informou que a negociação foi “desigual”, já que os trabalhadores não puderam tomar atitudes mais efetivas para protestar, devido à pandemia. “A última negociação de acordo coletivo da categoria trouxe a adequação da CGPAR 23 aos planos de saúde dos empregados e dependentes do grupo Eletrobras. Na prática ela representa o aumento do custo do plano de saúde para os empregados e a redução dos custos para a empresa. Foi uma negociação na qual tivemos um não-equilíbrio de forças, em comparação com os anos anteriores, quando podíamos fazer assembleias presenciais e greves. Quando você eleva esse custo, há o risco de uma evasão dos planos”, diz.
Entre outros pontos, a resolução deixa de considerar os progenitores como dependentes, resultando em pagamento adicional para os usuários empregados das estatais; determina a paridade de contribuições entre empregador e empregado; e limita o custeio de planos de assistência a um teto sobre a folha de pagamento. Na última terça, no entanto, a Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei da deputada Erika Kokay (PT-DF), que suspende os efeitos da resolução. A matéria, aprovada por 365 votos a 39, será enviada ao Senado.
Victor ressalta, também, que a instabilidade trazida pelo avanço da privatização e pela mudança nas regras do plano de saúde vem afetando psicologicamente os trabalhadores. A situação é semelhante à que ocorre com empregados de outras estatais, a exemplo da Petrobras, tema da matéria de capa do Jornal da Metropole da última quinta-feira (15).
“Infelizmente estamos em um cenário no qual cresceu o número de empregados com problemas de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. No caso de Furnas, no Rio de Janeiro, a sensação de incerteza é notável nas plenárias. Essas pessoas todas que construíram uma vida dentro da empresa, que têm entre 40 e 60 anos, sabem que não têm como se recolocar”, pontua.
Fonte: Metro1