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Mesmo com mais de R$ 10 mi arrecadados, acesso ao Morro de São Paulo segue com cais precário e transporte inseguro, reclamam turistas.

Reajuste da TUPA reacende críticas sobre falta de melhorias no cais e nas condições de transporte marítimo.

O debate sobre o aumento da Tarifa de Uso do Patrimônio do Arquipélago (TUPA) voltou a ganhar força após a Prefeitura de Cairu confirmar o reajuste da taxa, aprovado pela Câmara Municipal na última quarta-feira (10). A tarifa para entrada em Morro de São Paulo será ajustada de R$ 50 para R$ 70 a partir de 20 de dezembro, chegando a R$ 90 em julho de 2026. Em Boipeba, o valor de R$ 50 também começará a ser cobrado na mesma data.

A justificativa oficial, baseada em custos ambientais, manutenção e infraestrutura, não tem convencido parte dos moradores e visitantes. Dados da própria plataforma da TUPA revelam que, nos primeiros 11 meses de 2025, a arrecadação superou R$ 10 milhões. Mesmo assim, um dos principais pontos de chegada, o cais de desembarque, continua entre os mais criticados por quem visita o arquipélago.

Cais antigo, estrutura limitada e insegurança no desembarque

As reclamações se concentram principalmente na precariedade do cais. Turistas relatam filas extensas, ausência de cobertura contra sol e chuva e desorganização no desembarque. Muitos afirmam que a estrutura “está desmoronando”, que não há banheiros públicos adequados e que o acesso à vila se deteriora com facilidade após períodos de chuva.

Além disso, a insegurança nas travessias marítimas tem sido constantemente mencionada. Embarcações da rota Valença–Morro de São Paulo são descritas como desconfortáveis, desgastadas e sem fiscalização suficiente. Um dos relatos mais compartilhados nas redes afirma que “os turistas viajam com medo, enquanto veículos pesados circulam sem controle pela ilha”.

Prefeitura defende reajuste e afirma que despesas superam arrecadação

Em nota, a Prefeitura de Cairu defendeu o aumento da TUPA afirmando que a tarifa possui “aplicação exclusiva no custeio de serviços intensificados pela atividade turística”. Entre eles, estão limpeza urbana, fiscalização, proteção ambiental, manutenção de praias e trilhas e ordenamento das piscinas naturais. Na alta estação, segundo o município, a região chega a produzir 25 toneladas de resíduos sólidos por dia.

A administração destacou ainda que, em 2024, os gastos vinculados ao setor turístico ultrapassaram R$ 17 milhões, resultando em um déficit de mais de R$ 5,9 milhões com relação ao montante arrecadado pela TUPA. De acordo com o governo municipal, o reajuste foi planejado de forma gradual para evitar impacto excessivo e garantir equilíbrio fiscal.

O comunicado cita, ainda, que 2% da arrecadação será destinada ao Fundo Municipal de Turismo, além de anunciar ações como apoio à cooperativa de reciclagem, recuperação de áreas degradadas e melhorias previstas para terminais e acessos.

Internautas criticam falta de transparência e melhorias visíveis

Apesar dos argumentos apresentados pela gestão municipal, a reação do público foi predominantemente negativa. Moradores e turistas afirmam não enxergar melhorias proporcionais à arrecadação e cobram transparência sobre o destino dos recursos. Entre as principais queixas estão a falta de prestação de contas detalhada, o estado do cais, o transporte marítimo inseguro, a presença crescente de lixo nas praias e o descontrole na circulação de tratores e quadriciclos.

Uma internauta sintetizou o sentimento geral ao afirmar que “se esse dinheiro fosse para melhorar a vida dos moradores e a qualidade do serviço, ninguém reclamaria. O problema é que nada muda”.

Contradição entre alta arrecadação e infraestrutura estagnada

Para empresários e guias turísticos, o cenário cria um paradoxo. Mesmo com o aumento do número de visitantes e da receita gerada pela TUPA, o acesso ao Morro de São Paulo, considerado etapa essencial da experiência do turista, permanece frágil, desorganizado e inseguro.

Com o novo reajuste prestes a entrar em vigor, cresce a expectativa para que as melhorias prometidas se tornem visíveis. Turistas e moradores insistem que, se há justificativa ambiental e estrutural para a taxa, o retorno precisa aparecer no básico: um cais seguro, transporte fiscalizado e um atendimento digno logo na chegada ao arquipélago.

Por Ana Almeida / 11/12/2025 às 19:30

Imagem: reprodução/Printerest

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