Manuel Palácios afirma que coincidências entre itens vistos em pré-testes e aplicados no exame não configuram vazamento e não alteram notas dos candidatos.
O presidente do Inep, Manuel Palácios, afirmou nesta terça-feira (25) que a antecipação de questões do Enem divulgadas pelo estudante de medicina Edcley Teixeira não representa falha de segurança nem influencia as notas dos participantes. Segundo ele, as coincidências entre itens publicados pelo universitário e perguntas aplicadas no exame de 2025 decorrem de materiais usados em pré-testes e não configuram vazamento.
Em entrevista ao Jornal Nacional, Palácios reforçou que a situação não gera privilégio a nenhum concorrente. “A memorização de algumas questões não coloca em risco qualquer aspecto de segurança ou de sigilo do exame. Não há injustiça. Nenhuma nota será afetada por essa lembrança eventual”, afirmou. Ao g1, complementou: “Ver uma questão que cai por coincidência não altera o resultado de ninguém. A probabilidade de acerto ao acaso já é de 20%”.
O episódio levou o Inep a anular três das oito questões previamente mencionadas por Edcley em transmissões online, decisão tomada em 18 de novembro, quando ainda não havia diagnóstico conclusivo. Uma auditoria posterior apontou que o estudante não teve acesso ao caderno de prova, que os demais itens exibidos em lives não foram comprometidos e que as semelhanças surgiram pelo uso de bancos de questões compartilhados entre instituições públicas.
Edcley reproduzia perguntas presentes em avaliações destinadas a testar a dificuldade de possíveis itens futuros — entre elas, o Prêmio Capes de Talento Universitário, no qual estudantes eram remunerados para memorizar questões utilizadas na calibração dos bancos do governo federal. Palácios reforçou que “em nenhum momento o Enem esteve em risco”, e descartou novas anulações, já que não há indícios de quebra de sigilo.
A Polícia Federal segue investigando possíveis irregularidades. No domingo (23), agentes cumpriram mandado de busca e apreensão na residência de Edcley, no Ceará, recolhendo computador e celular. A PF identificou outras questões divulgadas pelo universitário semelhantes às aplicadas no exame, mas, segundo o Inep, elas também resultam do reaproveitamento de itens de pré-testes — prática comum na elaboração de provas de larga escala.
O instituto afirma que o estudante não teve contato com a prova oficial e que as coincidências observadas já eram esperadas devido ao modelo de construção do banco de itens.
Por Lala Freitas / 26/11/2025 às 15:00
Foto: Reprodução/Redes sociais
