Moro afirma que não decide pensando em política e diz que fama incomoda

O juiz federal Sergio Moro afirmou em evento na noite desta sexta-feira, em Chicago, que ele não define sentenças judiciais pensando em impactos políticos que elas possam ter e que ao final da Operação Lava Jato, só pensa em tirar longas férias. O juiz também se disse incomodado com a repentina fama e afirmou que foro privilegiado não é sinônimo de impunidade. "O juiz profere sua decisão com base nas leis, nas provas, nos fatos. Minha preocupação é definir com base no processo. Não posso pensar no impacto político daquilo", disse durante palestra de cerca de 90 minutos na Universidade de Chicago, que reuniu 300 estudantes nos Estados Unidos e foi organizada pela Associação de Estudantes Brasileiros (Brasa, na sigla em inglês). "É importante não confundir Justiça com política", afirmou o juiz. Se a decisão tem um impacto político, Moro disse que é porque são julgados crimes praticados por políticos. "Até vejo críticas ao meu trabalho, mas não sou um juiz investigador, não dirijo as investigações." Moro reconheceu em sua palestra que erra em suas decisões. "Vamos ser claros, eu também não acerto todas, mas sempre decido como um juiz deve definir, com a pretensão de estar decidindo conforme as leis." Questionando por um dos participantes sobre a fama repentina, que fez a revista norte-americana Fortune o colocar como o 13º líder mais influente do mundo, Moro disse que se sente incomodado. "Acho que existe foco equivocado na minha pessoa, que não acho muito positivo. Há uma certa personificação", afirmou, destacando que é um juiz de primeira instância e que as investigações da Lava Jato envolvem a Polícia Federal e o Ministério Público.