Exclusivo: Mídia Recôncavo conversa com médicos presentes na manifestação em Salvador
Médicos baianos e estudantes de medicina realizaram na tarde desta quarta-feira, 03, no centro de Salvador, uma passeata contra a importação de médicos estrangeiros e a aplicação do que a categoria chama de Revalida, uma prova para revalidação do diploma médico. É intenção do governo Dilma Rousseff autorizar a vinda ao Brasil de 6.000 médicos formados em faculdades cubanas, sem revalidação do diploma estrangeiro.
A equipe do Mídia Recôncavo conversou, com exclusividade, com médicos que participavam do movimento. A médica Liane Leal Sacramento conta que o ato foi pacifico, "Uma grande manifestação médica! Formamos um tapete branco na Praça Castro Alves e reivindicamos melhorias na saúde e a valorização do nosso trabalho médico".
A médica clinica geral, Daniela Lopes, que esteve na concentração do ato, diz que a classe não é contra a importação dos médicos em si. "Que venham! Mas que façam a prova! Sabemos das deficiências das faculdades lá fora! Trazer médicos sem capacidade é irresponsabilidade! Na maioria dos lugares o que falta são condições do médico trabalhar", acrescentou ela.
No ano de 2012, 182 profissionais que estudaram em faculdades cubanas se inscreveram para revalidar seus diplomas no Brasil, e apenas 20 foram aprovados. O total de médicos com diplomas estrangeiros, inscritos para revalidação em 2012, foi de 884, dos quais somente 77 foram autorizados a atuar no país, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM).
Daniela, que atende em hospitais públicos municipais no recôncavo, diz que o problema está mais no sistema, do que na aparente falta de médicos. "Um médico, com condições de trabalho, pode fazer o serviço de três que estão sem condições!", desabafa.
"Paciente com fratura no braço, se for prontamente operado, libera a vaga do hospital pra outro! Mas se falta material pra cirurgia dele, ele fica lá… Ocupando leito, superlotando o sistema!", explica Daniela.
A Associação Médica Brasileira, junto com o Conselho Federal de Medicina, Federação Nacional dos Médicos e Associação Nacional dos Médicos Residentes, emitiram uma Carta Aberta à população brasileira, se posicionando ao anuncio feito pelo governo federal, de contratação de 6 mil médicos cubanos para trabalhar no interior. "O caminho trilhado é de alto risco e simboliza uma vergonha nacional. Ele expõe a população, sobretudo a parcela mais vulnerável e carente, à ação de pessoas cujo conhecimentos e competências não foram devidamente comprovados. Além disso, tem valor inócuo, paliativo, populista e esconde os reais problemas que afetam o Sistema Único de Saúde (SUS)", diz a nota.
O Brasil forma aproximadamente 15 mil médicos por ano, totalizando cerca de 400 mil médicos no país; é o segundo país no planeta em formação de médicos.